sábado, 25 de setembro de 2010

DEMÊNCIA

Prof. Dr. Ricardo Komatsu
CRM-SP 56.604


Demência é uma condição clínica que não se refere a uma causa específica, mas a uma síndrome caracterizada por declínio das funções cognitivas, comparado a um nível anterior alcançado pela pessoa, incluindo distúrbio de memória, sintomas comportamentais e alterações psicológicas. Tal quadro clínico deve ter duração e intensidade suficientes para ocasionarem transtorno social e/ou ocupacional.

As funções cognitivas envolvem além da memória: orientação, atenção/concentração, linguagem, raciocínio abstrato, julgamento/crítica, cálculos, praxias, gnosias, e funções executivas.

Embora a síndrome demencial não atinja exclusivamente pessoas idosas, a sua incidência aumenta consideravelmente com a idade podendo ser próxima de 1% dos 65 aos 69 anos de idade e de 18% dos 80 aos 84 anos de idade.

São fatores de risco conhecidos o envelhecimento, a história familiar e a genética.

A Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência (50-60%), caracterizada na anatomia patológica pela presença de placas senis e emaranhados neurofibrilares em quantidade significativamente maior que no envelhecimento normal.

Estima-se que a Doença de Alzheimer acometa 5,3 milhões de norte-americanos e 1,2 milhão de brasileiros. Nos E.U.A. é a sétima causa de morte, provocando um custo de 172 bilhões de dólares, e mobilizando 10,9 milhões de cuidadores não remunerados. O custo total da demência no mundo estimado para 2010 é de 60 bilhões de dólares.

São comuns também as demências vasculares (doença de pequenos vasos, infartos lacunares, demência pós-AVC), e a demência mista (Doença de Alzheimer + vascular).

Outras causas de demências incluem o complexo Demência por Corpos de Lewy (LBD)/Demência na Doença de Parkinson (PDD), a demência fronto-temporal (FTD)/Doença de Pick, e outras mais raras como na Doença de Huntington (HD).

Não devemos nos esquecer das causas potencialmente reversíveis de demência: depressão (pseudo-demência), medicamentos, traumatismo crânio-encefálico (hematoma subdural crônico, por exemplo), tumores cerebrais, hidrocefalia por pressão intermitente, infecções do sistema nervoso central (HIV, sífilis, Creutzfeldt-Jakob, dentre outras), hipotiroidismo, hipovitaminose (B 12, ácido fólico), alcoolismo.

O reconhecimento clínico da síndrome demencial é tão importante quanto o diagnóstico etiológico (causa) da síndrome demencial o que usualmente demanda exames complementares laboratoriais e de neuroimagem (ressonância magnética do crânio-encéfalo).

Propostas de revisão para critérios diagnósticos de Doença de Alzheimer encontram-se em curso e podem vir a incluir além da observação clínica (declínio cognitivo documentado, curso típico ou atípico da doença), os marcadores biológicos no líquor (Abeta42, Tau, fosfo-Tau), neuroimagem (PET, FDG) e marcadores genéticos (PSEN1, PSEN2, APP).



Bibliografia:

Alzheimer's Association. 2010 Alzheimer's disease facts and figures. Alzheimer's&Dementia 6:158-194, 2010.

Alzheimer's Disease International. World Alzheimer Report 2010. The Global Economic Impact of Dementia. ADI. 2010.